O agronegócio brasileiro é reconhecido globalmente como um dos principais pilares da segurança alimentar mundial. Dessa forma, constantemente enfrenta situações que testam sua robustez, competência técnica e atuação diplomática.
A crise envolvendo gripe aviária e exportação de frango em 2025 se tornou um desses episódios marcantes. O que começou com relatos isolados em aves silvestres rapidamente evoluiu para uma emergência comercial de grandes proporções. Atualmente a situação vem afetando diretamente quem atua no comércio internacional.
A confirmação do primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma unidade comercial no Rio Grande do Sul foi o estopim para uma série de embargos que atingiram o frango brasileiro.
Este artigo apresenta uma visão ampla e aprofundada da situação, analisando desde o papel estratégico do país. Também vamos analisar os aprendizados de crises anteriores, até os movimentos atuais. Por último, traremos dicas de como as empresas devem se posicionar diante desta crise sanitária no agronegócio.
Compreender a complexidade do momento exige atenção a um ponto técnico vital no comércio internacional. Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a identificação do vírus em aves silvestres serve como sinal de atenção. Entretanto, isso sozinho não configura motivo automático para proibição comercial.
Isso porque aves migratórias são hospedeiras naturais do vírus, e sua detecção não representa falhas nos protocolos de biossegurança do país. Como já explicamos anteriormente com base nos primeiros dados, o Brasil havia se concentrado em proteger rigidamente seus plantéis comerciais.
Contudo, a presença do vírus em uma granja muda completamente o panorama. A situação sugere a quebra de uma das barreiras sanitárias e eleva o risco para os parceiros internacionais. Tal fato aciona dispositivos de suspensão automática do comércio. Esse foi o divisor de águas no atual cenário.
As reações por parte dos países importadores foram rápidas e diversas. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA gripe aviária) passou a coordenar um delicado processo de negociação bilateral com vários mercados. Veja, a seguir, o panorama mais recente com base nos dados oficiais:
Suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil: China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Jordânia, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka, Paquistão, Albânia, Índia, Macedônia do Norte, Kuwait.
Suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul: Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Bahrein, Cuba, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão, Ucrânia, Rússia, Bielorrússia, Armênia, Quirguistão, Angola, Namíbia.
Suspensão limitada ao município de Montenegro (RS): Emirados Árabes Unidos, Japão.
O impacto da gripe aviária na economia se dá de forma abrangente. O primeiro choque vem da decisão da China, principal compradora de carne de frango do Brasil, de interromper as aquisições. Esse corte representa uma perda estimada em cerca de US$ 1 bilhão. Para um segmento com forte inserção global, a ausência de um cliente dessa magnitude compromete toda a cadeia.
Desde os fornecedores de insumos agrícolas até transportadoras e frigoríficos, todos sentem os efeitos, incluindo milhares de empregos vinculados à exportação de frango.
Diante desse abalo, as empresas precisam revisar seus custos e estratégias de imediato. Compreender a formação de preços para exportação torna-se essencial para preservar a saúde financeira de sua empresa. Outros pontos importantes são saber renegociar prazos e margens e sustentar a operação em meio à turbulência.
Simultaneamente, inicia-se um trabalho diplomático intenso. A reação da China, considerada excessiva por autoridades brasileiras, indica que apenas argumentos técnicos não bastam. Reconquistar a confiança internacional exige um esforço contínuo e diplomacia ativa.
Essa não é a primeira crise sanitária que desafia o setor. A história do agronegócio brasileiro mostra uma jornada de evolução e conquistas, fruto de adversidades superadas.
O combate à Febre Aftosa é um exemplo clássico. Por décadas, a doença limitou o acesso a mercados exigentes. Graças a programas de vacinação em larga escala e à colaboração entre produtores e órgãos públicos, o Brasil eliminou a enfermidade. Por conta disso, conquistou o reconhecimento como zona livre, fator crucial para a expansão do mercado de carne bovina.
Também houve o episódio do "Mal da Vaca Louca" (Encefalopatia Espongiforme Bovina). Embora o Brasil nunca tenha tido um caso clássico, apenas registros atípicos em animais idosos, enfrentou embargos temporários. A resposta, fundamentada em ciência e comunicação eficaz, foi decisiva para normalizar as exportações.
O Brasil tem respondido à crise sanitária agronegócio atual com rapidez e coordenação:
A primeira ação foi a implantação do "vazio sanitário" na propriedade atingida. Essa ação trata-se do sacrifício completo das aves, desinfecção rigorosa e inatividade temporária por cerca de 28 dias. Essa é uma das provas técnicas mais fortes que o país pode apresentar à comunidade internacional.
O MAPA segue publicando atualizações frequentes sobre os focos e os desdobramentos. O ministro Carlos Fávaro reforça constantemente que o consumo de carne de frango e ovos permanece seguro. Ele tem dado diversas entrevistas buscando tranquilizar o mercado nacional e externo.
Já foram iniciadas conversas com grandes parceiros comerciais, como China e União Europeia, defendendo a regionalização dos embargos. Em outras palavras, o governo tenta fazer com que as restrições sanitárias agronegócio incidam apenas sobre áreas afetadas.
A solicitação de R$ 135 milhões em recursos emergenciais tem como objetivo imediato o combate ao surto. Ela também visa reforçar toda a estrutura de defesa agropecuária contra futuras ameaças.
Durante a instabilidade, as empresas devem manter a iniciativa. Passividade agora pode significar perdas irreversíveis.
A forte dependência de poucos destinos revela sua fragilidade. A busca por diversificação deve ser prioridade. Para isso, se tornar vendedor em plataformas globais como a B2Brazil é um bom passo. Assim, você pode acessar compradores em muitos outros países e reduzir as perdas.
Mantenha-se presente. Entre em contato com os importadores e compartilhe informações oficiais do MAPA. Tente reforçar as medidas adotadas na cadeia de produção e reitere seu compromisso com a qualidade do produto.
Crises como esta ensinam lições valiosas. O conhecimento sobre processos de exportação para outros produtos pode ser um grande diferencial. Entender a complexidade de vender para destinos exigentes desenvolve uma expertise regulatória que pode ser aplicada para superar barreiras em qualquer setor. É o que acontece no caso da exportação de carne bovina para os EUA, por exemplo.
O cenário atual é desafiador, mas o Brasil tem histórico e competência para enfrentá-lo. Se bem administrada, esta crise pode representar uma nova oportunidade de reforçar os padrões de biossegurança. Junto a isso, pode também consolidar a imagem do Brasil como um fornecedor estratégico e confiável no mercado de carne de frango global.
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